Enquanto a Pátria de
chuteiras comemora mais uma etapa vencida pelos canarinhos, familiares ligados
às vítimas do desabamento de um viaduto recém inaugurado choram a morte e a
injúria física de seus queridos. Se não fosse a Copa, pensam com certeza, isso
jamais teria acontecido.
A pressa é inimiga da
perfeição, diz um velho ditado. A pressa aliada ao mal feito, é mortal. A “Copa
das Copas” que nasceu manchada pelo jogo do “empurra com a barriga”, da catimba
dos “jogadores” da arena política – políticos, governantes e empresas - interessados nas gordas verbas decorrentes,
recebe agora, uma faixa negra, como marca que, desejamos seja a única, de um
evento que tudo indica, não deveria ter sido feito neste momento, sob as
circunstâncias atuais, neste País.
As prioridades são outras,
todo mundo sabe, menos os participantes diretos no butim de PACs e outros
pacotes; e os legados, além do luto às tantas famílias das mortes e “limpeza de
favelas” ocorridas ao longo das apressadas construções de estádios, com os
jeitinhos de última hora, não serão tantos assim. Estádios que se tornarão
inutilizáveis, caso não se encontrem soluções muito criativas, estão dentre os
mais aparentes e indesejáveis legados. Os relacionados à mobilidade são nada
mais do que a obrigação – há muitos anos! -dos governantes, cujos cofres, em
especial os do Governo Central que abocanha 75% de tudo que se arrecada no
País, recebem a maior carga tributária sobre os produtos de todo mundo. Nota
importante aqui: a carga tributária sobre o PIB brasileiro está em 14º no
planeta, mas a que vige sobre os produtos, em forma de cascata, não perdoando
nenhuma etapa das cadeias produtivas, está entre 60% e 500%.
É verdade que a realização de
um evento da natureza de uma Copa ou Olimpíadas seja grande desafio e grande
oportunidade. O problema “é combinar com os russos” como diria Garrincha ao
técnico da Seleção, Vicente Feola, na Copa de 1958. No caso, os “russos” no
Brasil formam um imbatível time composto por burocracia, corrupção,
politicagens, falta de boa vontade, indiferença, insegurança jurídica, desconexão
com a Sociedade, desrespeito às leis e à Constituição, resultando em uma
seleção das piadas prontas. Por vezes, piadas trágicas como essas citadas.
Mas o lado bom disso tudo foi
a enorme contrariedade da Sociedade sobre a realização de tal evento. Pena que
só aconteceu no ano de sua realização, diante da perplexidade ampla, geral e
irrestrita dos atrasos de praticamente todas as obras, dos estádios às demais
relacionadas à mobilidade. Se tivesse ocorrido há sete anos, talvez o País, que
é (ou deveria ser) dos brasileiros e não dos capitães hereditários, tivesse a
coragem que a Colômbia teve em abrir mão de fazer o evento em seu território em
1986.
Talvez esse protesto de
contrariedade seja um legado interessante, o da percepção e expressão clara das
prioridades. Mas se o Brasil for campeão, os “russos” é que erguerão a taça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário