sexta-feira, julho 04, 2014

SERÃO OS “RUSSOS” A ERGUER A TAÇA?


Enquanto a Pátria de chuteiras comemora mais uma etapa vencida pelos canarinhos, familiares ligados às vítimas do desabamento de um viaduto recém inaugurado choram a morte e a injúria física de seus queridos. Se não fosse a Copa, pensam com certeza, isso jamais teria acontecido.  

A pressa é inimiga da perfeição, diz um velho ditado. A pressa aliada ao mal feito, é mortal. A “Copa das Copas” que nasceu manchada pelo jogo do “empurra com a barriga”, da catimba dos “jogadores” da arena política – políticos, governantes e empresas -  interessados nas gordas verbas decorrentes, recebe agora, uma faixa negra, como marca que, desejamos seja a única, de um evento que tudo indica, não deveria ter sido feito neste momento, sob as circunstâncias atuais, neste País.

As prioridades são outras, todo mundo sabe, menos os participantes diretos no butim de PACs e outros pacotes; e os legados, além do luto às tantas famílias das mortes e “limpeza de favelas” ocorridas ao longo das apressadas construções de estádios, com os jeitinhos de última hora, não serão tantos assim. Estádios que se tornarão inutilizáveis, caso não se encontrem soluções muito criativas, estão dentre os mais aparentes e indesejáveis legados. Os relacionados à mobilidade são nada mais do que a obrigação – há muitos anos! -dos governantes, cujos cofres, em especial os do Governo Central que abocanha 75% de tudo que se arrecada no País, recebem a maior carga tributária sobre os produtos de todo mundo. Nota importante aqui: a carga tributária sobre o PIB brasileiro está em 14º no planeta, mas a que vige sobre os produtos, em forma de cascata, não perdoando nenhuma etapa das cadeias produtivas, está entre 60% e 500%.

É verdade que a realização de um evento da natureza de uma Copa ou Olimpíadas seja grande desafio e grande oportunidade. O problema “é combinar com os russos” como diria Garrincha ao técnico da Seleção, Vicente Feola, na Copa de 1958. No caso, os “russos” no Brasil formam um imbatível time composto por burocracia, corrupção, politicagens, falta de boa vontade, indiferença, insegurança jurídica, desconexão com a Sociedade, desrespeito às leis e à Constituição, resultando em uma seleção das piadas prontas. Por vezes, piadas trágicas como essas citadas.

Mas o lado bom disso tudo foi a enorme contrariedade da Sociedade sobre a realização de tal evento. Pena que só aconteceu no ano de sua realização, diante da perplexidade ampla, geral e irrestrita dos atrasos de praticamente todas as obras, dos estádios às demais relacionadas à mobilidade. Se tivesse ocorrido há sete anos, talvez o País, que é (ou deveria ser) dos brasileiros e não dos capitães hereditários, tivesse a coragem que a Colômbia teve em abrir mão de fazer o evento em seu território em 1986.

Talvez esse protesto de contrariedade seja um legado interessante, o da percepção e expressão clara das prioridades. Mas se o Brasil for campeão, os “russos” é que erguerão a taça. 

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