quarta-feira, dezembro 24, 2014

FELIZ O QUÊ?


Parece pergunta de quem não está de bem com a vida. Mas a pretensão é apenas instigar. Afinal, se Natal é a comemoração de um nascimento, logo seguido da virada de ano, o momento é de balanços, avaliações, conclusões e reflexões, planos novos, redimensionamentos, enfim...

Este ano talvez tenha sido um dos mais irritantes de todos, se considerarmos o conjunto de situações produzidas no campo político e econômico. E isso afeta a vida da absoluta maioria das pessoas. Sob este ponto de vista a pergunta que titula esta reflexão de final de ano se justifica. Sei que para vários setores também se aplica. Há alguns – bem poucos - que ainda estão indo bem, e a sensação é de que se deve aproveitar enquanto é possível... O País está em uma situação de risco sistêmico às instituições, pouco ou nada se sabe dos bastidores e apenas a junção de peças de movimentos já feitos é que nos permite conjecturar. Juntamente com as múltiplas teorias das mais diversas. O 2015 se apresenta como incógnita maior do que outros “anos novos”. Bem, você já sabe qual a solução proposta... o desafio continua...

Pois é, dá para se pensar, comemorar o quê? Ser feliz a cerca de quê? De minha parte, modestamente posso afirmar que a felicidade está em muitos cantos, muitos lugares, muitos setores, muitos espaços, muitos... se você chegou até aqui vivo, independentemente de quais desafios que foram ou não vencidos, de quais continuarão no ano seguinte, então é perfeitamente possível dizer: Feliz Natal! O novo ano que se iniciará em alguns dias é a continuação renovada da vida, das possibilidades, das surpresas, dos desafios em vigor e os novos que surgirão.

E o que desejo então, é exatamente isso, que 2015 seja um ano muito interessante, com desafios superados, rico em alegrias e que a saúde e a paz de espírito sejam reinantes em você e seus queridos.

Que assim seja!


FELIZ NATAL
FELIZ 2015
FELIZ VOCÊ!


segunda-feira, dezembro 22, 2014

EUA - CUBA - NADA PESSOAL, APENAS NEGÓCIOS


A melhor forma de por fim ao socialismo, é injetar capitalismo. Mas a primeira coisa que me ocorreu quando foi anunciado o início das relações diplomáticas entre americanos e cubanos foi a questão do Porto de Mariel. Se Brasília avermelhada pelo Foro de São Paulo sabia de algo antecipadamente não posso dizer, não creio.

Mas essa nova situação, promovida pelo Papa Francisco (se a pedido ou por iniciativa do Vaticano é também uma incógnita) provavelmente teve motivação econômica de grande calado: a profundidade do Porto de Mariel, com o breve fim das reformas nas eclusas do Canal do Panamá. Salvo maior juízo, não há calado tão profundo nas costas americanas. Os novos navios podem transportar até três vezes mais carga, exigindo profundidades maiores, e que o porto construído e financiado por brasileiros proporciona. Uma vez pronto, Cuba deixou de ser um incômodo tradicional para um novo "grande amigo" do Tio Sam. Afinal, sabe-se que Raul Castro tem procurado abrir a economia de sua Ilha aos poucos, e certamente a abertura econômica precederá a abertura política, cujo tempo dependerá do andamento sistêmico desse processo. Castro precisa de dinheiro e a Rússia foi duramente atingida pelos embargos econômicos americanos e europeus em face dos arroubos de Putin. Mais afinados com os ocidentais do que os eventuais chineses, o vizinho yankee deveria ser considerado.

Posso estar equivocado, mas quem perde com isso são dois países: Brasil e Venezuela. Brasil, por ter feito investimento esperando manter forte influência econômica e ocupar espaços na ilha. mas lá é quintal americano. E a Venezuela, com seu tiranete, já bem sugada pela Ilha, pode estar sendo descartada, como aquele hospedeiro cujo sangue acabou. Para ajudar, a queda no preço do petróleo promovida exatamente pelos próprios americanos, graças ao xisto e ao avanço das novas matrizes energéticas, ainda que incipientes.

Será? São apenas reflexões para contribuir na busca da compreensão dos movimentos do jogo geopolítico, cujo verdadeiro tabuleiro de xadrez está acessível apenas a poucos. Há que se lembrar ainda que Obama não governa sozinho, lá existem grupos de forte influência, formados por republicanos e democratas que colocam os negócios e o interesse americano acima das questiúnculas ideológicas. Diferentemente daqui, os yankees planejam 10, 20, 30, 50, 100, talvez mais anos à frente.

Finalmente, fica a lembrança da frase costumeiramente dita exatamente em filmes americanos: "nada pessoal, apenas negócios".