terça-feira, setembro 20, 2011

Pataquada brasileira contra os xing-ling afeta mesmo aos tupiniquins...

A recente medida governamental que determina aumento do IPI para carros estrangeiros para “proteger a industria nacional” suscitou diversos debates, dentre os quais, o profético domínio global pelos chineses. Nem vou comentar a pataquada brasileira, cujos autores, ao invés de reduzir a carga tributária interna para competir de igual para igual, ou próximo disso, penaliza a própria população para beneficiar apenas um setor. Proponho mesmo, uma reflexão sobre os efeitos da lógica da Ação Humana e dos mercados.

Gosto de me lembrar que quando muitos demonizavam a Microsoft, antes dela a IBM, antes ainda a Ford e seus carros que podiam ser de qualquer cor desde que fossem pretos, e assim por diante, como ditadoras de regras do mercado. Por um tempo até foram. Mas... o ser humano... é assim mesmo, não aceita ficar parado muito tempo (espero que isso seja verdade no Brasil também...), e logo surgiram o Linux, o Java, a Dell, a HP, a Compaq, o Google, Samsung, puxa, acho que tem mais.

Custo e oportunidade é o que ocorre no momento. A China é a oportunidade para quem agregou valor aos seus produtos por meio de tecnologia e marcas. A China se rendeu a isso porque tinha que seguir o mesmo caminho que Japão e os Tigres Asiáticos fizeram. Alguém se lembra de que o Japão ia dominar o mundo na década de 90? E logo, será como todos. Depois disso, muitos queriam aprender árabe, por causa de Dubai... Não tem jeito, os ciclos econômicos são....hummmm, cíclicos!

A China está enriquecendo, é verdade, sua economia tem muito mais escala, mas tudo tem limite. Se o mundo parar de comprar... cabum! Vão fazer o quê? A china depende tanto do mundo comprando quanto o mundo depende deles para comprar “balatinho”, até que surja uma nova fronteira de baixo custo – quem sabe a África? Ou a América Latina? Quando um país enriquece, seu povo também enriquece. Em Xangai têm muitos chineses que já fazem bem mais de cem dólares mensais, pois o luxo destas cidades que se tornaram grandes centros industriais e comerciais não é financiado apenas por... turistas. Os salários estão se tornando mais altos e a fuga de empresas para o interior está é levando progresso e conhecimento, como um tsunami econômico, até que atinja todo o território e talvez invada outros, como a Mongólia, o Afeganistão, Turkistão e outros “que lá estão”. E isso é fenomenal para todos, porque esse capitalismo de interesses pelo mais barato, beneficia muita gente que nem faz idéia do que é o mundo. Basta lembrar do Vietnam, que hoje já tem acordo comercial com os EUA, e nas ruas da capital circulam carros de luxo diante de lojas de luxo. O Vietnam já é um dos maiores produtores de café do mundo, mas produz também, tênis para a Nike, e assim por diante.

Teoria dos vasos comunicantes. Essa é a regra que norteia os interesses humanos. A água sempre vai pender para o lado em que a gravidade atrai. O mundo não vai ser dominado pelos xing-ling, como não foi pelos sato-shiro, e até a cultura norte-americana, antes presente de forma massiva cede lugar para a miscelânea cultural global que vasa pela internet, thanks God!

Não posso deixar de dizer que se o Brasil não fizer reformas estruturais objetivas e corajosas, desconcentrando os poderes, os recursos e as decisões políticas para um verdadeiro federalismo pleno das autonomias estaduais e municipais, vai ficar sempre como espectador, como sempre foi de todos os movimentos e ciclos que citei de passagem, a mercê das sístoles e diástoles de cada país, de cada região. A continuar assim, logo veremos a Bolívia nos surpreender...