domingo, janeiro 13, 2013


A EXTORSÃO NOSSA DE CADA DIA...

Existe um município no Estado do Acre, chamado Bujari. Tem 8.474 habitantes. De 01.01.12 a 31.12.12 foi arrecadado no município cerca de R$ 4, 2 milhões em impostos. Considerando-se que cerca de 75% disso vai embora para Brasília e aproximadamente 15% para o Estado, sobram algo como R$ 420 mil no ano para as despesas e investimentos. 

Pois bem, para complementá-las, Brasília devolve R$ 3.7 milhões. Mesmo que no caso de Bujari o dinheiro voltou quase que integralmente, uma pergunta simples ocorre: porque o dinheiro tem que passear de Bajuri/AC para Brasilia? 

Pois bem, dizem que municípios pequenos não conseguem sobreviver sem o FPM, então resta uma pergunta: não seria menos dispendioso um município de 8 mil habitantes não ter que pagar por vereadores e toda a curriola que os assessora? E que tal se a prefeitura, normalmente inchada (não sei o caso de Bujari), fosse transformada em uma companhia de desenvolvimento municipal, com gestão profissional e livre dos partidos políticos (e de políticos)? Talvez com um gestor urbano contratado...

O mesmo raciocínio vale para muitos municípios bem maiores. Em Curitiba foram arrecadados R$ 5,4 bilhões de impostos em 2012, segundo o Impostômetro. Curitiba não teve tanta sorte quando Bajuri, pois o que foi devolvido é bem pouco, R$ 186 milhões, 3% do valor que saiu daqui. É justo?

Certamente vão surgir aqueles que dizem que os mais fortes devem ajudar os mais fracos. Esse modelo de federalismo existe e é praticado na Alemanha, com a diferença de que lá, os recursos dos estados superavitários vão diretamente para os deficitários. Não passa por Berlim. No Brasil, tudo passa por Brasília. Para a redistribuição os elevados custos financeiros, políticos, éticos e morais.

Eliminar o malfadado redistributivismo, o ato de concentrar recursos para depois redistribuí-los de acordo com critérios montados a partir de uma visão central, é uma das ideias que os federalistas defendem. Outra, que vai além da inversão do fluxo de recursos para as mãos federais, é a flexibilização das estruturas municipais e estaduais. Os municípios, onde todos moramos, certamente passarão a ser viáveis. Se condomínios residenciais podem, com um síndico e equipe de empregados, porque uma pequena cidade não poderia? 

No Brasil temos 5.560 municípios, e o modelo equivocado prejudica a todos. Na Alemanha, com o território do tamanho do Estado de São Paulo, são 18 mil municípios, na Suíça, com 42 mil k2, cerca de 3 mil e nos Estados Unidos, mais de 50 mil. Seria impossível estes países estarem tão a frente do nosso com modelos equivocados como o do Brasil.

Quer saber o quanto sua cidade arrecada para os outros? Acesse o Impostômetro e explore as ferramentas de avaliação e cálculos prontos estão bem abaixo do impostômetro e no alto da página -
http://www.impostometro.com.br/
Veja também a tabela de repasse do FPM (O fundo que devolve parte do que é extorquido segundo critérios de sábios centralistas que acham que sabem mais do que todos no Brasil) para a sua cidade em http://www.oim.tmunicipal.org.br/abre_documento.cfm?arquivo=_repositorio/_oim/_documentos/8AE368BE-00D8-8824-A64CA551CDAC1A6131102011015425.pdf&i=1665

terça-feira, janeiro 01, 2013

TURISMO – UMA PODEROSA INDÚSTRIA DE OPORTUNIDADES

Nesta época de férias talvez o tema seja bem providencial, pois é quando se percebem os problemas, aliás, o caos em que áreas de concentração turística se transformam. E o primeiro fator que se nota quando se buscam informações sobre a situação e oportunidades na área de turismo em vários estados é a incrível discrepância dos dados e estatísticas. É claro que não quero generalizar, tenho esperança de que exista uma louvável exceção e o que abordarei é bastante conceitual, sem que eu tenha feito pesquisas em todos os estados brasileiros. Mas percebi que mesmo algumas secretarias de turismo, apesar de algumas fornecerem bons materiais de apresentação, parece ter condições de fornecer números sobre os negócios do setor bem como, de números consolidados de pontos turísticos. E isso em nada contribui para a atração de novos investimentos. Aliás, o que tenho visto de várias secretarias incluindo municipais é a apresentação de materiais – necessários – mas que atendem mais às vaidades do ocupante da pasta do que se conecta com o que vende. Muitas das ações propostas nos folders, cadernos, vídeos, não existem.

Não saberia dizer qual ou quais as razões dessa situação, nos estados e cidades onde ocorre. A ideia, aliás, não é fazer julgamentos e sim, proposições, cujas ideias, se forem boas – afinal, não sou da área, mas me coloco como turista até na minha cidade, sempre identificando situações e soluções (às vezes me acham chato por isso...) estão livres para serem utilizadas ou servirem de inspiração para outras melhores ainda. 

Assim, vou abordar o tema como se fosse em um estado da nossa pseudo-federação – no caso, o Paraná. Isso decorre do fato de eu ter sido convidado para formular tal projeto, juntamente com um amigo, Marcelo Rodrigues de Oliveira, especialista em comunicação visual e palestrante na área motivacional e vendas, para um candidato ao governo do Paraná ainda em 2009. Mas eu creio que essas considerações e ideias sirvam para todos, adaptando-se para as realidades locais e regionais.

Uma das primeiras providências deve ser um projeto de consolidação dos dados sobre o setor turístico e subsetores, de forma detalhada. Quando se mostram percentuais sobre gastronomia, por exemplo, não se sabe exatamente em relação a que, qual localidade, que tipo de serviços está sendo oferecido, dentre outros. É importante enfatizar que tal consolidação passe por uma espécie de “pente fino” em todo o estado, contemplando:

 a) pontos turísticos e com potencial turístico;
 b) restaurantes, bares, pubs, hotéis, pousadas, tudo de acordo com classificação por categorias, com análise de pontos fortes e fracos de cada localidade;
 c) comércio e serviços de cada localidade, produtos típicos, grupos de artesanato local, com análise de pontos fortes e fracos de cada localidade;
 d) acessos por diversas vias, estado de conservação de estradas, distâncias da capital e principais aeroportos;

INFRA-ESTRUTURA
Não basta apontar cem ou duzentos pontos com potencial turístico apenas no Paraná. Um ponto turístico não se faz apenas pela sua simples existência. O turista quer conforto, tanto para chegar em cada um deles, quanto para ficar e visitar – gastando no comércio local – curtindo ainda atrações adicionais que possam existir ou serem desenvolvidas para tanto. Alguns hotéis ou pousadas de bom padrão, bons restaurantes, de preferência com comida típica local, alguma vida noturna se for o caso, são imprescindíveis para que qualquer ponto turístico seja devidamente valorizado.

Para tanto, será necessário um planejamento que construa oportunidades de investimento imobiliário e infra estrutura sem agressão (ou com mínima) ao meio ambiente, além de um programa de divulgação no Brasil e no exterior das novas atrações. Esse planejamento deverá ser feito para cada um dos pontos turísticos, escolhidos pelos próprios empresários que os custearão em parte, com pleno apoio governamental tanto na liberação de alvarás especiais, dentro de projetos sustentáveis, como na obtenção de recursos de longo prazo para sua implementação.

Essas medidas certamente gerarão milhares de empregos se pensarmos apenas na indústria da construção civil, hotelaria, turismo, gastronomia, comunicação – telefonia e transmissão de dados, serviços financeiros, comércio e serviços local, incluindo os novos comerciantes e prestadores de serviços que surgirão, dentre tantos outros empregos indiretos, pois há que se considerar que um simples fardo de guardanapos a mais gera mais empregos em uma extensa cadeia de produção.

ORIENTAÇÃO PLENA AO TURISTA – PLACAS, CATÁLOGOS, MAPAS, GUICHÊS...
Parece simples demais abordar esse tema, mas não é. Se uma região quer se comportar como região turística, receptiva, deve assumir uma postura exata nesse sentido. E esta começa com um projeto que contemple estudos de comunicação com o turista, em três idiomas – inglês, espanhol e português – através de placas de orientação tanto no posicionamento geográfico quanto nas opções mais próximas ofertadas.

Em cada cidade pode-se contar com um guichê de informações turísticas considerando a iconografia internacional (i) com distribuição de mapas padronizados que se comuniquem e se harmonizem visualmente com as placas espalhadas em todo o território paranaense, de maneira que o turista se sinta muito tranqüilo. E com um serviço estatal 0800 disponível ou 0300 privado com tarifa acessível e decente, para que qualquer turista possa consultar sobre dúvidas. Com o mapa e catálogos nas mãos, todos dentro de um mesmo projeto de comunicação visual harmonizado com o que está nas estradas e cidades, certamente o turismo se tornará diferenciado diante do mundo. É evidente que todo esse conjunto de informações deve estar disponível na internet.

ESPORTES NATURAIS
Vários estados, talvez todos, são bem servido por rios, para pescaria dos mais diversos tipos e categorias e, ao que se sabe, o esporte em si é muito mal explorado. Respeitando-se os limites da Natureza, incluindo as fases de reprodução, a pescaria pode ser desenvolvida com a construção de atracadouros e pequenos portos para barcos de diversos tipos, com aulas de pesca, locação de materiais incluindo barcos, passeios ecológicos, restaurante e boate flutuante, enfim, uma série de atividades de esporte e lazer. Trata-se de atividade que gera muitos empregos locais e atraem turistas de muitos lugares do País e do Mundo, considerando, é claro, que exista infra-estrutura hoteleira e demais itens de conforto para o turista. 

Certamente existem outros pontos turísticos de grande potencial esportivo e de lazer, podendo-se rever e reeditar, com as devidas correções, os Jogos da Natureza, ocorridos na década de 90 no Paraná – pode-se copiá-lo e aplicá-lo, pois lá só não foi para a frente por questões relacionadas a gestão, vaidades, desvios, corrupção, essas coisas execráveis que teima em permanecer na vida pública . As condições para realizá-los e torná-los mundialmente famosos e respeitáveis são muito boas.

Os esportes naturais e radicais têm encontrado cada vez mais adeptos em todo o planeta, os quais viajam milhares de quilômetros para viver novas experiências com mais adrenalina, curtindo ainda as reconhecidas belezas naturais do Brasil. Em todas as atividades o governo estadual deve participar apenas como coadjuvante, facilitador (de verdade, sem propinodutos, por favor!) para fins de financiamentos, padronização de comunicação visual, fornecedor de informações confiáveis para fins de investimentos privados, que desenvolverão em regime de competição aberta – sem as quase sempre escusas concessões estatais – considerando que os riscos devem ser assumidos pela iniciativa privada e não pelo setor público. 

Os estados que adotarem tais ideias poderão ser referências para brasileiros e estrangeiros oferecendo atrações com conforto e segurança, de maneira que o turista passe a deixar muito mais dólares, euros, yens e outras moedas, ampliando sobremaneira a chamada “indústria branca” que mais cresce no mundo.

Há que se considerar ainda o crescente número de turistas na faixa da chamada Terceira Idade, um público muito importante e abonado, que deve ter atendimento a altura.

As cadeias produtivas desta fantástica indústria branca exigirão ainda que se criem escolas focadas no desenvolvimento de operadores dos diversos sub-setores turísticos, desde camareiras até cozinheiros, recepcionistas e guias, gerentes e managers de serviços que exigem especialização como hotelaria e gastronomia completa, que inclui a atividade de sommeliers. A promoção da geração e circulação de novas riquezas é inequívoca!

Portanto, para que um estado em referência turística, seja por vocação natural ou adicional deve se comportar como tal, não apenas com a modesta divulgação de pontos turísticos que vão receber meia dúzia de esforçados acampistas, ou rápidas passagens de poucos e insistentes viajantes com tempo maior para inseguras incursões no interior. Há talento, vocação para tanto, bastando tão somente, planejamento que começa com a captação de dados reais, abertura de oportunidades para investimento compartilhado de infra estrutura em muitas localidades, seja do ponto de vista turístico cultural, seja esportivo, mantendo o turista em estado de segurança constante, com toda a orientação que a harmonização e integração de uma inteligente comunicação visual possa proporcionar.

Com a efetiva participação da iniciativa privada tendo os estados como motivador e facilitador, não há dúvida de que uma nova e poderosa indústria geradora de riquezas e empregos, com o conseqüente desenvolvimento econômico e social surgirá em pouco tempo. A indústria do Turismo está acenando com notas gordas de oportunidades em reais, dólares, euros e outras moedas, hora de aproveitar.

Thomas Korontai